sábado, 21 de maio de 2011

Humildade

"Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi. 
Que não sinta o que não tenho
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou. 
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho. 
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas. 
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa."

                   Cora Coralina

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